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Como escrever ajudou e ainda me ajuda a lutar pela vida?

Nome: Mione ST Idade: 23 Cidade: Rio de Janeiro Autor de qual gênero? Atualmente Fantasia, mas não fico concentrada em um único ambiente, já fui para o romance, a não ficção, o paranormal, ...

Como escrever ajudou e ainda me ajuda a lutar pela vida?


Relato:


Antes eu preciso comentar que sempre quis escrever, ok, nem sempre, antes eu sonhava em ser uma princesa guerreira como a Xena, mas esperta como a Gabrielle, que inclusive era a minha personagem favorita, mas enfim... Tive a fase louca quero ser uma atriz, no caso era ser uma chiquitita, mas quando veio o convite para ir fazer os testes em São Paulo, minha avó surtou e nem ferrando eu fui. Então, na segunda série primária, hoje eles chamam de terceiro ano do fundamental, uma professora, Tia Lúcia disse que eu era tão imaginativa que seria excelente escritora.


E sim, eu sou criada pela minha avó, antes eram meu avô, minha avó e uma tia que se fazia as vezes de mãe, mas hoje é só eu e minha avó. Minha mãe uma prostituta drogada e sempre alcoolizada, mestre em fugir da reabilitação e apenas pedir dinheiro. E meu pai, recentemente um doente desempregado, mas que eu raramente convivo o que faz com que eu me dê um tanto quanto melhor.

Voltando, depois que minha professora falou isso a ideia explodiu e eu passei a desejar com tudo ser escritora. No começo a minha avó achava um máximo, dizia que era o plano perfeito; ficar adulta ser militar, fazer medicina e no hobbie escrever, porque literatura deia todo mundo morto de fome e endividado, não contribuiu muito o fato do meu pai ter lançado um livro de poesias e largado o emprego e a faculdade, ficando mega endividado, mas vamos voltar que eu estou procrastinando de novo, ...


Depois que a tia Lúcia falou isso eu decidi que minha primeira história seria dar um final melhor para Romeu e Julieta. O que? Eu sou uma sonhadora, é óbvio que eu olhava para as coisas grandes. Fiz inclusive ilustrações, se querem saber, e para uma criança de seis anos, estava uma ótima história.

E eu não parei mais, era um desespero para a minha avó, parecia que ela estava vendo a história do seu filho se repetir, eu seria uma sem futuro também, mas quem disse que eu me importava com esses detalhes? Eu só queria escrever e logo esse hábito se tornou imprescindível para que eu vivesse.

Na escola que eu estudava, era uma antissocial, não por vontade, eu apenas era vista como estranha, boa aluna, bolsista, querida pelos professores, para todos os meus colegas, a garota perfeita, a vida perfeita, mas para minha família, o lixo humano, a coitadinha, a filha da drogada, a que nunca deu certo na vida... Mas nos mundos que eu criava, eu era a Ana. Forte, corajosa, inteligente, bonita, amada, espirituosa,..

A adolescência foi um completo inferno, eu não me encaixava nos padrões, logo eu deveria ser expurgada como um câncer, e é irônico ter essa doença. Foi na adolescência que meu avô morreu, depois de ter ficado preso a uma cama por 8 anos, e bem, no ano seguinte a morte do meu avô, a minha tia faleceu atropelada por um ônibus quando me levava para a escola, nem preciso comentar que eu surtei, né?

Minha família me culpou, eu mesma me culpei e escrever foi basicamente o que evitou que eu me matasse.

Comecei uma obra com uma amiga, ela tinha a escrita como um hobbie, eu como uma corda de salva vidas, mas nos dávamos bem. Um dia, minha família começou a desgostar de nossa amizade, e eu querendo ter uma chance de ser amada pela minha família, traí minha amiga e me afastei dela. Eu me dei conta ali que eu nunca havia sido a Ana. Eu não sei se dei a ideia de que esse seria um relato de pessoa boa, eu não sou boa, eu sou a pior.

Bulimia, anorexia, drogas e bebidas, eu fiz tudo isso para chamar a atenção, para ser diferente da família perfeita que eu tinha, mas era sempre na escrita que eu realmente me encontrava feliz.

Depois que meu avô e minha tia morreram, a situação financeira com a minha avó ficou bem complicada, então esqueça os sonhos com Medicina, ou mesmo escritora. Não tinha como ser uma morta de fome, então que seja professora, ao menos para o feijão com ovo eu teria.

Foi um curso feito de qualquer jeito, mas ao menos eu ainda podia manter o hábito de escrever. Foi quando minha avó em um surto de puro ódio e medo de que eu fosse ainda mais fracassada que o meu pai, jogou fora todas as minhas histórias. Todas as anotações de obras completas escritas a mão e não apenas jogou fora, como me obrigou a ver anos e anos de trabalho queimarem no meu quintal.


Sei que isso é bobeira, ou ao menos eu digo a mim mesma, todos os dias, que chorar pelas histórias perdidas é gastar tempo a toa.

Eu me formei, comecei a trabalhar, me tornei bem sucedida, mas não mais escrevia, me tornei infeliz.

Esse ano retornei ao mundo da escrita, o projeto que começou com minha amiga. Voltei para ele, entrei em contato com ela, nunca fui respondida (a não ser na vez em que ela mandou eu engolir ele todo e enfiar no meu cú), então eu retornei para ele. Sozinha eu o comecei do zero, precisava ser a Ana, precisava contar aquela história.

10 anos é tempo demais para se calar, estava mais do que na hora daquela história ganhar voz e eu fiz isso; escrevi "Flor de Fogo" e me senti vitoriosa, eu sei... Não publiquei, mas me senti bem.

Mas antes dessa coisa toda de escrever e ir até o fim... Bem, voltei para FdF esse ano, 2017, mas em 2014 eu descobri que tenho cancro pulmonar, um tipo chato e específico de cancer no pulmão, que aparece particularmente em fumantes, mas não sou fumante, só uma pessoa com uma sorte miserável.

Com a possibilidade de morrer, algumas coisas se tornaram mais permissíveis para mim, assim como a pena dos outros, antes era odiável, depois se aprende a conviver com esta merda.


Eu terminei FdF, eu cumpri a minha missão e agora que eu não tenho mais nada pelo que ansiar nessa vida, é uma boa forma encerrar por mim mesma esse espetáculo, antes que a doença me leve em sofrimento.

Parece poético, né? O grande lance é que depois de "Flor de Fogo", tenho "Encanto de Sangue" que estou trabalhando, e depois tem "O Conselho", um spin off e mais outras inúmeras histórias que depois que eu me permiti viver e aceitei meu passado tenebroso, assim como que cada dia é uma nova chance para ser bom ou mau, bem, ficou mais fácil.

Nem todos os dias são bons, hoje enquanto escrevo e me recordo de tudo, é um dia ruim, mas como sempre acontece no mundo, alguns dias são ensolarados e alegres, outros são nublados e frios, mas todos começam e terminam.

Não sei se fiz isso da forma correta, eu só achei que valia a pena contar para alguém, nem sei se consegui mostrar o quanto escrever está salvando minha vida, mas é esse o resumo da minha vida insana.


📌📌📌📌📌📌📌📌📌📌📌📌📌📌📌


😭😭 Tem dois olhos perdidos no mar das minhas lágrimas e o coração partido em mil pedaços. 💔

Autora querida, não tenho palavras para expressar o quanto suas palavras tocaram fundo em minha alma. Sinto muito de verdade por tudo, portanto, declaro que meu coração está contigo nesse momento e em todos os que virão.

Jamais esquecerei sua história! Considere-me marcada para sempre.

"Você não é Ana, você é muito mais que Ana!"

Parabéns por jamais ter desistido! Você é uma inspiração de superação para todos nós. 🙏🏻❤️

Estou extremamente grata pela confiança de compartilhar sua história conosco. Que seus sonhos se realizem e que suas histórias marquem milhares de vidas 💋

Com amor, Lene Gracce.


🛎 Se identificou? O que diria para nossa autora corajosa e amada?

Quer compartilhar conosco a sua história? Envie um e-mail para lionportrasdoslivros@gmail.com

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